Quem somos


FILHA DA ANISTIA é um projeto da Caros Amigos Cia de Teatro, da Cooperativa Paulista de Teatro. A peça FILHA DA ANISTIA nasceu da inquietação dos artistas Alexandre Piccini e Carolina Rodrigues em pesquisar as histórias de pessoas que militaram na resistência à ditadura pós-64, os mecanismos de acesso a essas trajetórias de vida e luta política e a relação da sociedade contemporânea com esse período histórico. O projeto foi contemplado em 2009 pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, para montagem inédita de espetáculo teatral. O espetáculo é fruto deste processo de pesquisa de mais de três anos, articulado à participação em diversas atividades (seminários, debates, cursos etc) relacionados aos temas; o estreitamento do diálogo com inúmeros militantes da resistância contra a ditadura e pela anistia; bem como a realização de dezenas de oficinas teatrais, sobretudo para jovens e adolescentes, em torno da mesma temática.

A peça conta a história de uma jovem que vai em busca do pai que nunca conheceu e

acaba descobrindo um passado de mentiras e omissões, forjado durante os anos de chumbo no Brasil.
O projeto “Filha da Anistia” vem colaborar com a necessidade de compreendermos ahistória e de aprendermos com ela. O espetáculo tem como objetivo contribuir para
que o Brasil avance na consolidação do respeito aos Direitos Humanos, sem medo de
conhecer a sua história recente, dialogando com a sociedade para contribuir na
construção de um país mais justo, consciente e livre.

Brasil, 2010: quarenta e seis anos após o golpe militar, que instaurou uma ditadura de vinte e um anos permeada por arbitrariedades, intolerância, desrespeito às liberdades democráticas, à cidadania e aos direitos humanos. Trinta e um anos após a Lei de Anistia - um passo importante e controverso em direção à abertura democrática. Do ponto de vista individual - de milhares de indivíduos que ousaram defender seus ideais, fossem eles de um sistema político-econômico-socia alternativo ou da simples defesa das liberdades democráticas, e sofreram as consequências - as perguntas continuam as mesmas: Como superar um luto sem conhecer a verdade? Como os filhos e filhas, pais e mães, viúvos e viúvas dos mortos e desaparecidos podem formar uma ideia sobre as condições em que morreram? Onde foram presos? Quem os torturou? Onde estão os seus restos mortais? Como seguir adiante carregando uma lacuna desse tamanho? Nunca o vazio foi tão pesado.

“Fatos terríveis ainda me constrangem
e não consigo disfarçar a ira;
não poderei silenciar jamais
diante desta enorme desventura.”
Electra - Eurípedes



Sob uma perspectiva coletiva, como pode a nossa adolescente democracia amadurecer sem analisar seus traumas de infância? Que memória nos foi permitido manter destes acontecimentos? Quais registros históricos foram feitos (e estão disponíveis para estudo) desse período? Como esquecer um trauma que não foi racionalmente elaborado e constantemente aflora sem controle do inconsciente do nosso país? Como pretendemos entender e melhorar nossa sociedade atual se as raízes de grande parte de nossos problemas - educação, cultura, segurança, política, cidadania, entre outros - estão fincadas num terreno desconhecido? Como almejar construir um futuro se a maturidade de nossa democracia está comprometida por um trauma não superado? Quanta ignorância há em acreditar que o que aconteceu só diz respeito aos diretamente envolvidos? Até quando iremos esconder o passado debaixo do tapete da História e cinicamente fingir que tudo isso não aconteceu? Se hoje ainda não podemos dizer que esta violência tem nome, tem marcos, tem documentos, e que pode ser exposta para quem quiser conhecê-la, poderemos algum dia dizer que este período histórico, embora lamentável e terrível, pode ser guardado como uma lição sobre algo que jamais devemos repetir?

“Filha da Anistia” é a transcendência artística desta nuvem de interrogações. Buscamos produzir algo que vasculhe o inconsciente coletivo e, fora da racionalidade incapacitada pela conjuntura histórica, torne esse trauma mais nosso, mais visível, mais elaborável. Impossível torná-lo menos dolorido, mas menos monstruoso e menos misterioso. Apropriar-se desse período, desvendar os mitos, elucidar e questionar a História, incitando o surgimento da consciência crítica, fazendo com que os homens, indistintamente, sintam-se sujeitos compromissados com a trajetória do mundo, agentes conscientes desse processo e não meros espectadores
de algo linear e imutável é tarefa de cada um.

A todos os companheiros que se envolveram e se dedicaram a esse mergulho no abismo das nossas ignorâncias, trazendo para o projeto colaborações preciosas e indispensáveis, o nosso eterno agradecimento e a certeza de que valeu a pena.

“Pode-se ponderar no desespero?
É justo negligenciar os mortos?
Entre que homens se procede assim?
Nunca me louvem essas criaturas!
Se quem é morto criminosamente jaz
transformado em pó e nada mais
e não há punição para quem mata,
então a dignidade e a reverência não mais
existirão entre os mortais!”
Electra - Eurípedes

CAROS AMIGOS CIA DE TEATRO

Alexandre Piccini e Carolina Rodrigues



contato: filhadaanistia@gmail.com



Associação de Pesquisadores Sem Fronteira - PSF é uma entidade sem fins lucrativos fundada por acadêmicos e profissionais ligados ao ensino, pesquisa e desenvolvimento em áreas multidisciplinares, com o objetivo de prestar à comunidade os seguintes serviços:

1. Propiciar o aumento de pesquisadores competentes em Áreas da Ciência e da Tecnologia a partir do incentivo ao desenvolvimento e a fixação de jovens pesquisadores;
2. Prestigiar, colaborar e dar apoio às atividades educacionais, culturais, sociais, de saúde, e beneficentes;
3. Promover parcerias de capacitação regional de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de articulação de redes científico-tecnológicas, com participação de centros das diferentes regiões geográficas do país;
4. Promover a formação de pessoal especializado assim como o treinamento de técnicos e estudantes em suas áreas de atuação por meio de cursos específicos;
5. Difundir e sedimentar valores da Ética, da Paz, da Cidadania, dos Direitos Humanos, da Democracia e de outros valores universais.

Por se tratar de uma proposta bastante inovadora e ambiciosa, os idealizadores da PSF reuniram como associados fundadores um grupo com altíssimo nível de competência, e bem balanceado entre as diversas áreas de atuação desta organização. Este grupo, atualmente, é composto por dez doutores, nove mestres e dezesseis profissionais especialistas nas áreas de ensino, pesquisa e inclusão social e cultural.

A PSF tem uma estrutura orgânica e descentralizada, baseada em sólidos princípios de governança para que cada projeto seja autônomo e independente a fim de facilitar e agilizar sua implantação. Para atingir aos objetivos propostos, a PSF desenvolve parcerias junto a instituições de ensino superior e de pesquisa, outras ONGs e OSCIPs e empresas do setor privado. Os projetos de parceria são elaborados de forma personalizada, visando otimizar a sinergia entre as organizações e respeitar as características de cada uma.
A PSF já teve aprovado e desenvolve inúmeros projetos na área social e cultural, dois deles inclusive já aprovados pela Lei Rouanet: Música de Câmara Para Todos e Idade Simples.
A CAROS AMIGOS CIA DE TEATRO (CACT) da Cooperativa Paulista de Teatro é um grupo de teatro surgido em 2007 a partir da pesquisa, histórica e estética, sobre o processo de resistência à ditadura civil-militar, e sobre o processo inacabado de anistia e redemocratização brasileira.

A parceria PSF x CAROS AMIGOS se estabeleceu na primeira Caravana Filha da Anistia, apoiada pelo projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, através do Convênio Federal número 749511/2010. A parceria foi um sucesso e o convênio renovado com o projeto Marcas da Memória para ralizar mais 30 apresentações gratuitas, seguidas de debate, em 2012.

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