
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça está completando dez anos. Os três últimos marcados pela caravana itinerante que já percorreu todas as regiões do país e que teve a sua primeira edição no mesmo local onde sete casos foram julgados dia 30/04, no Rio de Janeiro: a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
“Foi aqui que começamos a nossa caminhada e fizemos o gesto de retirar das paredes de mármore do Ministério da Justiça o julgamento e as apreciações das histórias de vida dos brasileiros que enfrentaram a ditadura”, lembrou o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também participou da cerimônia de abertura e, em nome do Estado brasileiro, rendeu homenagens a todos os ex-presos políticos ali presentes.
“É a minha obrigação, como ministro da Justiça deste país, pedir desculpas aos que foram perseguidos por acreditarem na democracia. Cabe a mim fazer isso”, disse emocionado.
Cardozo assinou e entregou nas mãos do Brigadeiro Rui Moreira Lima, um dos pilotos da ofensiva brasileira na Segunda Guerra, o pedido oficial de desculpas do Estado. Aos 92 anos, Rui Moreira foi o grande homenageado da tarde. Acompanhado da esposa Júlia Moreira Lima, ele foi recebido com gritos de guerra e posição de sentido pela platéia que acompanhava a sessão..
Rogério Medeiros, Sérgio Bizzi, Fanny Tabak, Carlos Augusto Rodrigues, Rosa Maria de Souza e o diplomata Arnaldo Vieira de Mello, já falecido, também foram anistiados no julgamento deste sábado. Apenas o caso de Mauro Moraes, que integrou o Exército Brasileiro e informou ter sido excluído do serviço ativo por motivação política, foi votado como indeferido pelos conselheiros.
A sessão também foi marcada por reencontros: as amigas Maria Cristina e Ana Miranda, presas durante o Regime Militar, não se viam desde 1971, quando dividiram a mesma cela. “Estou muito emocionada, nunca achei que fossemos nos encontrar novamente”, comemorou Cristina durante a Caravana histórica do Rio de Janeiro.